Esperara por aquele momento, não poderia desistir, não queria adiar mais. No quarto, as paredes pulsavam, nervosas, ansiosas, banhando os dois corpos despojados de timidez. Trocaram carícias ingênuas, afagos tórridos e permitiram que os corpos fossem embalados por um beijo reconfortante.
Ela suspirou naquele instante mágico; seus poros dilataram e flores cresceram, tulipas. Ela não era mais ela. Ela era outra, a menina dera lugar à mulher. Chorou, comovida, trêmula de êxtase. Fora sua primeira vez.
Sobre a cama, os corpos desejosos de prazer arderam em brasa, um refugiou-se no outro, um exauriu as forças do outro. Sob a luz opaca do quarto, as almas dissolveram-se e repousaram na ardência do amor consumado.
Ela estava feliz, sentia-se leve, pluma levada pelo vento. Mas uma ponta de saudade da menina que, agora, existia nas lembranças, fez com que prostrasse o rosto entre as pernas e soluçasse. Julgava ter perdido algo. Sentiu-se culpada. Mas isso durou apenas alguns minutos. Teve certeza que não perdera, mas ganhara, era uma vencedora. Interrompeu seus pensamentos quando ele aproximou-se e perguntou se estava bem. Disse que sim e derramou-se num abraço recíproco. Foi o recomeço da ópera de corpos entrelaçados, entregues ao amor.
(Arte: "Nu de Dos", de Pablo Picasso)
(Elson Teixeira Cardoso)
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