sábado, 26 de maio de 2007

RESUMO SOBRE O ROMANCE "GRANDE SERTÃO: VEREDAS", DE GUIMARÃES ROSA

(LIVRO DE CABECEIRA)
O fazendeiro Riobaldo esclarece a um forasteiro que os tiros que o homem ouvira não eram de nenhuma briga, mas ele que estava atirando numa árvore, abaixo do córrego, praticando, como fazia desde moço. Inicia uma narrativa longa sobre o tempo em que fora jagunço e pertencia a bandos, e percorria o sertão, pilhando cidades, lutando, matando, fugindo da polícia. Acreditava ter feito um pacto com o diabo e, um dia, deveria encontrá-lo para acertar as contas. Vivera inúmeras aventuras, mas nenhuma comparava-se ao que sucedeu depois que conheceu outro jagunço, Diadorim, cujos olhos verdes o queimavam. Diadorim perturbava-o, mas não sabia porquê.
Riobaldo era um homem corajoso, não fugia de brigas, não temia outros jagunços. A vida deixara-lhe bruto por fora, mas conservava uma sensibilidade que o levava a refletir sobre coisas. "(...) Mestre não é aquele que ensina, mas aquele que aprende. (...)" Era um filósofo sertanejo, que enxergava na amplidão do sertão, mais que podia ser visto pelos olhos. "(...) O sertão é o mundo (...)". E pela vastidão desse mundo, deixou de ser jagunço para ser líder. No entanto, temia o encontro fatal com o diabo.
Quando criança, Riobaldo salvou outro garoto de ser violentado por um homem, matando-o. Salvou Diadorim. Adultos, reencontraram-se, e Riobaldo viu-se enredado, sentiu-se frágil, atraído, queria cheirar o corpo de Diadorim, mas repelia essa vontade. Amaria Diadorim? Teve medo de si mesmo, ele que somente tinha medo do diabo. Pensava em Otacília, a mulher que o esperava, e fingia consolar-se.
A agonia de Riobaldo somente chegou ao fim, quando Diadorim foi baleado, morto. Ele chorou. Tirou o casaco de vaqueiro de Diadorim e teve o mistério revelado. Soube porque aquele homem perturbava-o: seu corpo era de mulher, Diadorim era muher. Uma mulher que fingira ser homem para ser jagunço e vingar-se de outro jagunço. Vivera uma farsa que impediu que Riobaldo confesasse seu amor. O medo que Riobaldo sentiu de si mesmo impediu que vivesse o amor. Sofreu.
Riobaldo descobriu, adiante, que não havia pacto com o diabo, que não estava preso a nada. Velho, restavam-lhe as lembranças do que não fora, e a certeza de que o diabo não existia, o que existia era o homem. O mais era travessia.

(Fotografia de Guimarães Rosa, autor de "Grande Sertão: Veredas")

(Elson Teixeira Cardoso)

APONTAMENTO LITERÁRIO (4)

Agradeço ao novo amigo, escritor Lúcio Emílio, de Minas Gerais, professor e estudioso da literatura, pela visita ao meu blog e gentileza em deixar à disposição, no seu blog PENETRÁLIA, repleto de preciosidades, meu ensaio "A PROSA CONDUZ. A POESIA SEDUZ.". Uma honra.
Abraço fraternal.

(Arte: Da Exposição Artistas de Minas, Beatriz Abi-acl, com montanhas de Minas)

(Elson Teixeira Cardoso)

APONTAMENTO LITERÁRIO (3)

Agradeço ao poeta (cósmico) Silvio Vasconcellos, novo amigo, pela visita ao meu blog, comentário perspicaz e convite para visitar seu blog, o livro-eletrônico "Uni-Verso In-Verso", já encerrado (www.silviovasconcellos.blogspot.com).

É claro que aceitei o convite. Fiquei admirado pela profundidade de seus textos cósmicos, transcendentais, verbo que transita pelas galáxias da expressão, poesia física, poesia estratosférica. Sua poética é formada por poeira de estrelas. Que continue sendo expressa em outros blogs, e que os endereços me sejam enviados, pois já fiz um link permanente com o seu.

Abraço fraternal.

(Arte: Foto de satélite da Terra com a Lua ao fundo)

(Elson Teixeira Cardoso)

APONTAMENTO LITERÁRIO (2)

Agradeço ao amigo de muitos anos, romancista Alberto Granato, e sua esposa, Vanessa Granato, além de tudo companheiros de trabalho, por viajarem pelo meu blog e deixarem um comentário motivador. Estou tentando convencê-lo a ter um blog, para divulgar em tempo real sua vasta obra literária, que inclui peças teatrais.
Abraço fraternal ao casal amigo.

(Arte: Foto do romancista José Saramago, único autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998)

(Elson Teixeira Cardoso)

RESUMO SOBRE O ROMANCE "O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO", DE J. D. SALINGER

(LIVRO DE CABECEIRA)
Aos dezessete anos, Holden Caulfield narra um aventura vivida aos dezesseis, quando fora expulso do terceiro colégio e decidira retornar imediatamente à casa dos pais. Inicia uma viagem, uma jornada por Nova Iorque, passando por hotéis, bares, Central Park.
Holden Caulfield é herói e vilão ao mesmo tempo, é rebelde, sensível e ama a irmã acima de tudo, mas também é irresponsável, mentiroso e covarde. É o adolescente rico, desajustado, vítima do capitalismo dos Estados Unidos, na década de quarenta, que permite-lhe transitar pelos prazeres mundanos, que, no entanto, são repletos de pessoas interesseiras, falsas.
Em dado momento, Holden Caulfield é assediado pelo professor que admira, o mesmo que dissera que ele estava caindo, tentando mostrar-lhe a anormalidade. A descoberta da homossexualidade do professor o deixa enojado, e consegue fugir do apartamento. Em outro momento, encontra outros adolescentes, entre eles uma ex-namorada que julgava ainda amar, porém, constatou que era estúpida, assim como os demais ali. Seu universo social era de débeis, vazios.
Holden Caulfield perambula pela cidade, à procura de si mesmo, de um sentido para continuar a viver, e rememora momentos marcantes de sua vida. Entre eles, quando a irmã pergunta-lhe porque era rebelde, porque se auto-destruía e porque não gostava de nada. Ele, angustiado, depressivo, evoca a imagem criada pelo poeta escocês Robert Burns, uma metáfora de sua vida. Imaginou um campo de centeio repleto de crianças brincando e a si na borda do abismo apanhando as que caíam! Assim sentia-se, um reflexo de sua geração.
(Arte: "Mona Lisa", de Jean-Michel Basquiat)
(Elson Teixeira Cardoso)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

RESUMO SOBRE O ROMANCE "O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS", DE JOSÉ SARAMAGO

(LIVRO DE CABECEIRA)
Ricardo Reis ocupava-se do ofício da medicina e do prazer da poesia. Avesso a totalitarismos, deixara Portugal fugindo da ditadura salazarista, refugiando-se no Brasil, onde algum tempo depois, instalou-se a ditadura Vargas. Isto, somado à morte de seu amigo Fernando Pessoa, fez com que retornasse a Portugal. Instalou-se num hotel e conheceu aquela que viria a ser sua musa, sua amada, Lídia. Entre lembranças e indagações, conversava com Fernando Pessoa, que volta e meia, visitava-o, mesmo morto. Ricardo Reis desfrutou do amor com uma mulher mais jovem, linda, revigorante. Ela engravidou. Ele mudou-se para uma casa; não visitava seu país, mas voltara a viver nele, um lugar que ainda tinha as marcas dos horrores despóticos. Isto era percebido nas caminhadas que realizava. Entretanto, a angústia de existir atormentava-o à exaustão. Ricardo Reis era discípulo da poesia latina, bebia na fonte de Horácio, o poeta-filósofo, e escrevia odes singulares; tinha em Fernando Pessoa um amigo e um mestre; nascera dele, fora sua criação, sua parte, seu lirismo. Sentia falta de Fernando Pessoa, porque, apesar de receber suas visitas, eram irregulares. Na última visita feita pelo mestre, conversaram como de outras vezes. Depois, Fernando Pessoa foi. Ricardo Reis foi com ele.
(Arte: "Petite Fleurs", de Pablo Picasso)
(Elson Teixeira Cardoso)

RESUMO SOBRE O ROMANCE "O HOMEM DUPLICADO", DE JOSÉ SARAMAGO

(LIVRO DE CABECEIRA)
Tertuliano Máximo Afonso, ou apenas Máximo Afonso, é professor de História, divorciado e vive só. Sua mãe vive no interior e ele sucumbe à solidão em seu modesto apartamento, ainda que Maria da Paz o ame e queira casar-se com ele. Máximo Afonso alugou um filme, indicado por um colega, professor de Matemática, e teve uma revelação absurda, senão horrenda. O ator do filme tinha sua aparência, não era apenas parecido, mas totalmente igual a ele; via-se a si mesmo, vivendo uma história medíocre, como medíocre era a sua. Descobriu que o ator chamava-se Daniel Santa-Clara, pseudônimo de António Claro, e assistiu a outros filmes, confirmando que a imagem que via era a sua. Delírio? Loucura? Soube que António Claro vivia na mesma cidade e era casado. Quis o destino que nunca esbarrasse com seu sósia, seu gêmeo, seu duplicado. Procurou António Claro, mantendo segredo de tudo. O mistério era seu, deveria desvendá-lo sozinho, como sozinho sentia-se. A muito custo, conseguiu um encontro com o outro. Frente à frente, não era preciso dizer nada, seria inútil, olhavam-se num espelho. Restava saber quem era a cópía de quem. António Claro nascera antes, tinha a premência. Devasso, chantageou Máximo Afonso. Queria ser ele para fazer amor com Maria da Paz. Máximo Afonso não teve saída, cedeu. Mas uma tragédia mudou tudo. António Claro e Maria da Paz morreram num acidente na estrada, depois de dormirem juntos. Ea descobrira que ele não era Máximo Afonso, soubera pela marca da aliança no dedo, brigaram e o veículo colidiu. Mas a notícia divulgada foi que Máximo Afonso morrera. Como explicar a todos? Tinha perdido sua amada, identidade, vida. Já não era ele, mas António Claro, o ator, casado com Helena.Recebeu um telefonema, alguém queria encontrá-lo, precisava falar-lhe, pois eram iguais. Saiu, mas armou-se com uma pistola. Dessa vez, não falharia.
(Arte: "Nu descendant un escalier" <"Nu descendo uma escada">, de Marcel Duchamp)
(Elson Teixeira Cardoso)

RESUMO SOBRE O ROMANCE "ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", DE JOSÉ SARAMAGO

(LIVRO DE CABECEIRA)
Num país qualquer, num dia chuvoso de votação, poucos eleitores compareceram para votar, durante a manhã. As autoridades eleitorais, preocupadas, chegaram a supor que haveria uma abstenção gigantesca. À tarde, quase no encerramento da votação, centenas de milhares de eleitores compareceram aos locais de votação. Formaram-se filas quilométricas, e tudo pareceu normal. Mas, para desespero das autoridades eleitorais, houve quase setenta por cento de votos em branco. Uma catástrofe. Evidentemente que as instituições, partidos políticos e autoridades, haviam perdido a credibilidade da população. O voto em branco fora uma manifestação inocente, um desabafo, a indignação pelo descalabro praticado por políticos pertencentes aos partidos da direita, da esquerda e do meio. Políticos de partidos diferentes, mas de atuações iguais, usufruindo de privilégios que afrontavam a população. Os eleitores estavam cansados, revoltados.Os governantes, sentindo-se ameaçados, trataram de agir em nome da ordem, perseguindo, prendendo, maltratando, eliminando. Alguns que viveram os horrores da cegueira branca, novamente sofreram. Os governantes, preocupados em salvar a própria pele, em garantir o poder, não perceberam que a cegueira branca de outrora, demonstrativo de que há muito o homem estava cego, tinham paralelo com o voto branco de agora, indicativo de que a população não perdera a lucidez
(Arte: "Paisagem catalã", de Joan Miró)
(Elson Teixeira Cardoso)

RESUMO SOBRE O POEMA MÁXIMO "A DIVINA COMÉDIA", DE DANTE ALIGHIERI

(LIVRO DE CABECEIRA)
Numa época imprecisa, talvez entre o final do século XIII e início do XIV, o poeta-filósofo Dante Alighieri, estando no meio de sua vida, seguiu por uma selva escular, uma jornada pelo além, transitando entre Inferno, Purgatório e Paraíso. Tinha como objetivo reencontrar sua amada, Beatriz, falecida quando jovem. Foi guiado pelo Inferno e Purgatório, pelo poeta latino Virgílio, autor de "Eneida", falecido há muito. Ambos cruzaram o portal do Inferno, onde Cérbero, o cão-demônio guardião, permanecia. Seguiram e viram o barqueiro Caronte, a receber as almas com uma moeda na boca. Depararam-se com personalidades da Filosofia, Platão, Aristóteles; da Poesia, Sêneca, Horácio, entre outros grande nomes do Pensamento e da Arte, pagãos em vida. Depararam-se com contemporâneos de Dante, notáveis da Arte, Política e Igreja, pessoas que, em vida, não haviam primado pela ética e práticas cristãs. Passaram por demônios horrendos e regiões temerosas do limbo, até chegarem ao Purgatório. Lá, havia almas que aguardavam o lugar para onde iriam, com a esperança de não ser o Inferno. Por fim, chegaram ao Paraíso. Não era permitido a Virgílio entrar, pois fora pagão; o Inferno era seu lugar. Ao final da jornada, Dante fora recebido pela própria Beatriz, seu amor não-consumado, impossível de acontecer no lugar divino. Beatriz era uma santa. Dante contentou-se em vê-la, falar-lhe, ouvir-lhe pronunciar seu nome, e ser guiado pelas paragens celestiais. passando por São Francisco de Assis, entre outros que viveram pelo próximo. Mas Dante não poderia ficar; seu tempo de vida ainda não findara. Teve que regressar, e, com a alma embevecida, teve a certeza primorosa de que é "(...) o amor que move o Sol, como as estrelas (...)".
(Arte: "Retrato de Dante Alighieri", de Gustave Doré)
(Elson Teixeira Cardoso)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

RESUMO SOBRE O ROMANCE "O ENGENHOSO FIDALGO DOM QUIXOTE DE LA MANCHA", DE MIGUEL DE CERVANTES

(LIVRO DE CABECEIRA)
A pretenção era uma sátira aos romances de cavalaria, sempre com o mesmo enredo, medíocres no conteúdo. Mas tornou-se um libelo ao herói sonhador, imaginário, louco. Um romance que inventou o romance atual. O protagonista, Quixano, leitor compulsivo, de tanto ler passou a vivenciar as histórias. Considerava-se cavaleiro. Como tal, seu nome não era suficientemente sonoro, pomposo, como Amadis, Galaor e Cid, principais cavaleiros dos romances que lia. Então, decidiu que se chamaria Quixote. Dom Quixote. Dom Quixote de la Mancha. Evocou Alexandre Magno, com seu cavalo Bucéfalo, e nomeou o seu Rocinante, pois era um rocim antes. Era preciso uma amada. A horrenda camponesa Aldonça Lourenço passou a ser uma bela princesa, Dulcinéia, sua amada. Seu escudeiro passou a ser Sancho Pança, fiel amigo. Juntos, viajaram, percorreram inúmeras localidades, lutando contra inimigos existentes na mente de Dom Quixote. Uma estalagem em ruínas transformava-se em castelo; bandidos presos, em escravos maltratados; moinhos de vento, em gigantes. Ao final da jornada, agonizante, sereno, Dom Quixote, acreditando-se nobre, morreu. Em vida, encarnou tudo o que havia de puro na fase heróica da cavalaria, antes que fosse desvirtuada pelos maus romances. E fora profundamente bom, com uma simplicidade quase infantil, pois enxergava as coisas ao seu redor de maneira diferente. Morreu calmo. Partiu para outra jornada heróica.
(Arte: "Dom Quixote e Sancho Pança", de Honoré-Victorien Daumier)
(Elson Teixeira Cardoso)

RESUMO SOBRE A TRAGÉDIA GREGA "ANTÍGONE", DE SÓFOCLES

(LIVRO DE CABECEIRA)
Antígone ("aquela que se opõe"), Ismene, Etéocles e Polinices, são filhos da tragédia que unira mãe e filho, Édipo e Jocasta. Após a morte de Édipo, Créon, irmão de Jocasta, casado com Eurídice e pai de Hémon, conquistara o trono da cidade de Tebas. Devido à tragédia, Etéocles e Polinices lutaram e mataram-se. Etéocles teve um funeral de honra, Polinices foi enterrado, pois era considerado traidor; seu corpo deveria ficar sob o sol, até ser devorado pelas ave. Opondo-se ao rei, Antígone decidiu enterrar Polinices e pediu a ajuda de Ismene, mas agiu sozinha. Quando Créon soube do enterro, ordenou que descobrissem o culpado. Caso não fosse encontrado, aquele que enviara-lhe a má notícia receberia o castigo. Antígone retornou à sepultura, e novamente sepultou Polinices. Foi presa e, diante de Créon, confessou tudo. A proibição era de Créon, não de Zeus. Créon ordenou que fosse enterrada viva. Ismene tentou tomar seu lugar, mas não conseguiu. Hémon, noivo de Antígone, lembrou Créon que o sábio é aquele que muda de opinião, mas não adiantou. Créon não ouviu nem o coro de velhos tebanos. O cego Tirésias, adivinhador, dirigiu-se ao rei, guiado por um garoto e o alertou sombriamente. Àquela altura, Antígone fora enterrada. Créon, temeroso, dirigiu-se até sua sepultura e deparou-se com uma cena horrenda: Antígone enforcara-se. Ao seu lado, Hémon chorava. Quando viu seu pai, tentou matá-lo, mas Créon fugiu. Com ódio, Hémon suicidou-se. A notícia das mortes chegaram a Eurídice, que também suicidou-se. Créon viu-se rodeado de desgraças; não possuía sabedoria para governar. Odiou e utilizou a arma nefasta da vingança para ser rei e perdeu a esposa e o filho. Ao final, diz: "(...) Já tudo ao redor de mim é ruína. Tudo oscila. Abateu-me um destino implacável."Antígone nascera da tragédia, mas opusera-se ao ódio. Viveu para o amor.
(Arte: Grécia Antiga)
(Elson Teixeira Cardoso)