(LIVRO DE CABECEIRA)
Algo comum entre as grandes personalidades da História é terem passado por tragédias pessoais. Com o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, não foi diferente. O pai de William Jefferson Clinton, morreu num acidente de carro, antes de seu nascimento. O padrasto, de quem adotou espontaneamente o sobrenome Clinton, era mulherengo, beberrão e violento. Por outro lado, sua mãe desdobrou-se para criar os filhos, em meio a dificuldades de toda ordem, sendo um exemplo àquele que viria a ser um dos homens mais influentes do mundo.
Quando criança, Bill Clinton brincava com crianças negras, no Arkansas, um dos Estados mais racistas dos Estados Unidos. Jovem, enveredou-se pela política, trabalhando em comitês do Partido Democrata. Estudou Relações Internacionais e fez estágio no gabinete de um senador democrata. Graças a uma bolsa de estudos, estudou Direito em Oxford, onde conheceu a também estudante de Direito, Hillary Rodham, com quem se casaria anos depois. Formados, trabalharam num escritório de advocacia, até que Bill Clinton candidatou-se ao cargo de Procurador-Geral do Arkansas. O excelente desempenho e a grande popularidade como Procurador-Geral, estimularam-no a candidatar-se ao Governo do Estado. Eleito governador, a esposa Hillary Clinton participou ativamente do planejamento e desenvolvimento de projetos. Ela, que era especialista em políticas para crianças e adolescentes. Porém, o governador Bill Clinton não foi reeleito, devido a um aumento de impostos, que foi obrigado a realizar. A primeira derrota política foi marcante, mas serviu de impulso para não desistir de seus ideais, e somente entrar numa eleição com a certeza da vitória.
Candidatou-se novamente e foi eleito, sendo reeleito várias vezes, notabilizando-se pelos avanços em políticas de igualdade racial, atenção aos deficientes físicos e desenvolvimento do Estado. A competência gerencial e o carisma, foram fundamentais à candidatura à Presidência dos Estados Unidos, em 1992. Foi eleito, cumprindo um mandato de quatro anos que agradou os americanos, que o reelegeram em 1997. O segundo mandato foi difícil, pois o Partido Republicano alcançou maioria no Congresso e emperrou votações fundamentais. Além de que, afloraram escândalos sexuais impensáveis a um presidente do país mais rico do mundo.
O presidente Bill Clinton mentiu à população, num pronunciamento em cadeia nacional, dizendo ser inocente das acusações. Mas, diante de evidências, admitiu a culpa e pediu perdão à esposa que nunca o abandonara e à população. Humilhou-se. Tudo indicava que sofreria um impeachment. Entretanto, a população e a esposa o perdoaram, e não houve força política suficiente para destituí-lo do cargo. Encerrou o segundo mandato em 2000, aclamado pelos americanos, como um dos melhores presidentes da História dos Estados Unidos.
Sua autobiografia, mais que recordações da infância e juventude pobres, e feitos dos cargos eletivos ocupados, é uma verdadeira autocrítica de sua vida e um profundo agradecimento a todos que compartilharam os momentos agradáveis e tempestuosos, e o quanto aprendeu com personalidades do porte de Nelson Mandela. O auge da autocrítica é quando refere-se aos sofrimentos pelos quais ele, a esposa e a filha passaram, admitindo que todos foram culpa dele. Sua autobiografia é um tributo à esposa, mulher inteligente e dedicada, que construiu uma carreira política não apenas graças ao sobrenome Clinton, mas à vocação e experiência na formulação de políticas públicas. Também, ou principalmente, é um tributo à mãe, que passou por três casamentos, foi viúva duas vezes e somente encontrou a felicidade duradoura no último. Ela sofreu pelos filhos, privando-se de muitas coisas, mas pôde ver Bill Clinton como presidente dos Estados Unidos.
(Fotogafia: O ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, discursando)
(Elson Teixeira Cardoso)
Um comentário:
Gostei muito de conhecer "a existência" dessa biografia!
Digo isso porque nunca tinha prestado atenção nela, e deve valer a pena (mesmo que eles distorçam o fato como convenha). Aliás, até as distorções são parte da história.
Postar um comentário